enchendo murcilia, dizendo besteira, mascando capim, plantando bananeira.

enchendo murcilia, dizendo besteira, mascando capim, plantando bananeira.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Rasgue as minhas cartas e não me procure mais.

Quando a gente não ama a gente não entende.
Amar ensina a ser só.
Quando a gente ama a gente passa o sábado a noite sozinha. Quando a gente ama a gente não ouve Cazuza, quando a gente ama a gente não vê Woody Allen (só se for a dois).
Quando a gente ama a gente vê até novela.
Amar ensina a não ser só.
É que quando eu era criança eu ouvia aquela canção, da Adriana Calcanhoto, e achava que eram cartas de baralho que deveriam ser rasgadas.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Bota essa frieza no microondas

Ele a ganhou com malícia, com beijos e com olhares.
Não puxou a cadeira para ela sentar, não abriu a porta do carro.
Puxou os cabelos e abriu o sutiã.
Não se desculpou pela calcinha (que não era dela) suja no chão.
Se desculpou pelo uísque barato.
Ela derreteu, ela se apaixonou. E depois negou a si mesma, três vezes. Diante do espelho.

domingo, 28 de novembro de 2010

Tão sozinha. No escuro. Sóbria. Uma vela sobre a mesa, apagada. A chuva traz um silencio estranho, traz um medo de tudo, um medo de nada. "Cadê a lanterna?". Eu me sinto exatamente como no dia em que a gente se conheceu: com receio de falar, mesmo com tanta coisa martelando na cabeça, pedindo pra ser dita. E as escrevo nessas linhas azuis, mesmo sem enxergar nada. Falar com surdos querendo e não esperando ser ouvida.
Eu não achei a lanterna. Eu não procurei pela lanterna. Eu não acendi a vela. (eu não te liguei de volta). O escuro tá gostoso. Se não fosse assim, onde é que eu botaria minha voz cansada? Voz com sono, essa que grita a quem não ouve e dança para cegos assistirem?
Eu vou seguir gritando no breu, me agrada. Aliás, sabe do que eu mais gosto? Não conseguir pousar os olhos em nada. Sem luz não há foco, abrir ou fechar, direita, esquerda, tanto faz. Preto, preto, preto. Todos os gatos pardos. E quando peguei o telefone para pedir ajuda, também não havia foco, ou linha. Preto, preto, preto. Gato preto.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

o tempo tic tacka
homo horarius
ponteiros, garfo, faca

de terno e gravata
tu procura uma saída
uma vida pacata
pura cascata

agonia, ranger de dentes
medo, medo, medo, medo
saudade, cheiro de café
de manha bem cedo

mãos dadas sem entrelaçar
muito para dizer, porém calar
o tempo voltando, o tempo a passar
olhar cansado, teus olhos pousados nos meus
medo, medo, receio
uma puta dor, com amor no meio

terça-feira, 21 de setembro de 2010

aperta essa mão aí menina!

meu cansaço é saco cheio, minha dor parece infinita, meu reclame é cascata.

domingo, 11 de julho de 2010

atrás de um sorriso amarelo

revistas e livros em cima da mesa, na geladeira, cachaça da boa. a final da copa na televisão, nomes de amigos na minha lista de contatos do celular, uma câmera nova na minha cama, bem a que eu queria.

para qualquer ser humano normal isso chama-se felicidade.

só que há um vazio, que habita a populção e mora em mim também. é um vazio que não se enche com televisão, com filmes, batatas pringles, comida mexicana, roupas novas, meninos bonitos, festas, bebidas, não se enche no salão de beleza, nem na escola ou nos bares, e também não se enche na igreja ou dentro de um carro chique.

ao tentarmos nos preencher até consgeuimos nos divertir um pouco, mas quando tudo passa, no dia seguinte ou depois do almoço, ou até no segundo seguinte lá está o vazio de novo.

ninguém é inteiramente feliz.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

ontem a noite

as paredes não falam mais comigo
o telefone não toca
debaixo das cobertas, um abrigo.
passou da meia noite
o silencio sereno lá fora
tictac frenético
lá do quarto mamãe chora.
antes eu tinha medo
da verdade, da escuridão
só que dormia cedo
agora fico curtindo a solidão.
nessas horas não há com quem conversar
eu fico pensando em palavras difíceis
para as paredes ensinar.
eu assito o tempo passar
quero dormir
mas interrompo o calar
deixo um grito sair.
agora não é hora para surto
mas é que pra noite comprida
meu viver é tão curto!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

mamãe, eu tô em perigo?


eu sou tão grande e de repente tão pequena, eu vou da alegria ao fundo do poço em meio segundo, não sei se é a chuva, trovejão, ou se é assalto, o ladrão, o que eu escuto e já nem escuto.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

eu nao como ha tres dias pra ficar bonita pra voce

pro gordinho, pro magrelo, pra fofinha, pro japa, pro negro e pra toda a galera que se sente fraca, oprimida, nao é aceito por causa do corpo, situaçao social ou coisa parecida.
reflita.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

estático ou frenético

hoje é dia de dançar, gritar, arrancar os cabelos. hoje eu to sem medo, acordei toda corajosa, passei o dia falando alto, rindo, correndo, trabalhando, passei o dia agitada. é nesses dias como hoje que o relogio para e derrepente o tempo nem parou, and it makes me smile, afinal, o tempo todo o tempo passa, e a loucura chega, e o natal, e a velhice, e a dor, e o cansaço.
então finalmente eu pisei em casa, o sol foi embora, encostei minha cabeça no sofá e o tempo parou. não parou. mas parecia, sabe areia quando a luz do sol lambe o mar? bem isso. parda, parada, congelada, off.
e então a tentativa de manter um dialogo familiar, mas é pena de morte para quem fala na hora da previsão do tempo lá do jornal nacional. e o silencio durava até a hora do comercial, nem dor nem alegria e nem nada. aquele momento podia durar para sempre, nao durou.
o tempo todo o tempo passa, né

terça-feira, 25 de maio de 2010

lances pessoais

me tornei chata, cansada. eu gosto de vicios, prazeres baratos. as pessoas sao o melhor prazer que existe. voce se diverte, brinca com elas, elas brincam contigo. voce vicia, elas nao. elas viciam, voce nao.

domingo, 23 de maio de 2010

lack of spice


as coisas vão simplesmente acontecendo/morrendo, eu já estou quase conformada.
agora você não fala mais nada, é ocupado de mais, coisas mais importantes pra fazer. mas afinal, o que é importante mesmo? antigamente todo mundo valia muito mais pra todo mundo, as coisas eram divertidas e cada palavra, cada ligação, cada desejo era uma aventura.

as vezes eu penso que tudo ficou assim, sem graça, morno, cansado porque o amor acabou. antes um dia era saudade, hoje um mes é alivio.

mas a palavra que nao sai da minha cabeça é saudade (e novamente medo). tenho saudade de quem eu era, de quem você era e medo que nunca mais sejamos os mesmos. é que a gente tinha esse meio que cordão umbilical que mantém minha alegria e meu medo desse verbo ser mesmo passado.

meu bem, por favor não corte nosso cordão.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

por que é que eu sou assim?


eu tinha tanto medo de enlouquecer, de que esquecessem de mim. pensando bem enlouquecer seria bom e eu adoraria ser esquecida, nunca mais ser mencionada. eu tinha medo de que as coisas não dessem certo e as coisas deram tão errado que não temo quase nada mais. eu vou evitar pensar, me agarrar a atividades variadas, corte, costura, refeições, musica, destruição, insonia, e novamente medo. não consigo escrever se quer uma frase sem mencionar meus medos variados, meus problemas, eu tinha medo de esquecer como falar de coisas alegres, mas isso nunca soube. na verdade, nunca soube falar sobre coisas que nao me assutassem, devo estar aprendendo, afinal agora finjo que sei falar sobre futebol, sobre politica, publicidade, analiso minunciosamente fotografias e anuncios, como se eu soubesse alguma coisa, falo sobre maquiagem, bebidas, moda, opino sobre coisas que nem se quer sei o que significam. eu finjo que gosto de conversar sobre assuntos mornos para me descontrair, afinal, mentir para as pessoas que elas são legais ou que estão certas é realmente divertido. e eu tenho medo de falar a verdade e eu uso virgulas em excesso, mas também finjo que sei escrever, que sou culta, digo por ai que gosto de portugues, que sei falar, eu saio por ai falando ingles, fazendo comentarios inteligentes em frances que de nada me alegram. não gosto de muitas pessoas, e as que gosto não gostam muito de mim já que as chateio com historias desesperadas, são meus amigos, amigos que eu amo, amigos que tenho medo de perder como qualquer um teria, são amigos que respondem meus textos com sílabas, cartas com sorrisos, meus amigos são aqueles que fazem silencio ou gritaria comigo, meus amigos nao sao mornos, sao amigos quando tem vontade, mas é porque meus amigos sabem se controlar. eles não mentem pra mim, eu sim. somos diferentes. eu tenho medo, eu sou livre, eles limitados, eles nada temem, vinte e cinco gramas, por favor, meu irmão, só pra espantar o medo e sorrir pros amigos.