Tão sozinha. No escuro. Sóbria. Uma vela sobre a mesa, apagada. A chuva traz um silencio estranho, traz um medo de tudo, um medo de nada. "Cadê a lanterna?". Eu me sinto exatamente como no dia em que a gente se conheceu: com receio de falar, mesmo com tanta coisa martelando na cabeça, pedindo pra ser dita. E as escrevo nessas linhas azuis, mesmo sem enxergar nada. Falar com surdos querendo e não esperando ser ouvida.
Eu não achei a lanterna. Eu não procurei pela lanterna. Eu não acendi a vela. (eu não te liguei de volta). O escuro tá gostoso. Se não fosse assim, onde é que eu botaria minha voz cansada? Voz com sono, essa que grita a quem não ouve e dança para cegos assistirem?
Eu vou seguir gritando no breu, me agrada. Aliás, sabe do que eu mais gosto? Não conseguir pousar os olhos em nada. Sem luz não há foco, abrir ou fechar, direita, esquerda, tanto faz. Preto, preto, preto. Todos os gatos pardos. E quando peguei o telefone para pedir ajuda, também não havia foco, ou linha. Preto, preto, preto. Gato preto.
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